quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Lembranças... Tudo no início...

Eu como sempre por aqui... compartilhando de mim sentimentos que presos, hora ou outra, libertam-se e querem sair por aí... Hoje, 12 de outubro de 2011, voltando da "etapa 01"... Rsrsrs... Mais uma das primeiras etapas dos desafios que sempre se impõem à mim... 
Eu? Sei lá... Estou confusa ao mesmo tempo tão segura que chego a me impressionar... Sou assim, meio incoerente quando o assunto está voltado para mim... Mas, vamos lá... 
Estou aqui lembrando que a exatamente 19 anos eu estava sentada em casa, na Rua Padre Champanhat... Do lado de minha "Mãe" Nilza Ferraz, que me olhava com certa preocupação... Uma criança de 11 anos sem um presente, sem brilho nos olhos, doente, quase clemente... Sem inspiração... Sim, era certa minha tristeza que mal amanhecia se fazia natural e permanecia por todos os dias... Inerente ao real...
Em uma sociedade em que o "ter" prevalece sobre o "viver", em que as necessidades humanas são prioritárias para quem manda e o que emana são as dores e ardores de uma vida sofrida... Eu era mais uma menina "franzina", do tipo poetizada em "Morte e Vida Severina"... 
Eu, em minha humilde inocência ouvia ao longe a festa que se iniciava a alguns metros de minha humilde residência... Rute, minha visinha,  me chamou para ir até o local... Era uma festa para as crianças da comunidade organizada pelo dono do restaurante, o mais chique e regional... Arriégua... era o nome, batizado o lugar pelo Seu Luíz Ceará que anos mais tarde veio a ser meu professor na UFPE, Economia? Que ironia, Eu numa academia que por hegemonia eram os riscos para estar... Rsrsrs... Coisa para mais tarde eu discursar...
Mas, voltando... Rute chamando e eu me arrumando... Minha Mãe com o seu olhar tristonho me questionando o que eu faria lá?!  Sem ter nem dinheiro para comprar pipoca, confeito ou paçoca,  eu disse meio com receio de que ela não fosse deixar... Vou ver os palhaços...  Palhaçada lá não há de faltar... Iria sorrir e já estava bom... A alegria existe mesmo para alguém que só vive ou vivia triste... 
Lá chegando fui ficando, esperando, e sem motivos aparentes... Me contentando em estar alí presente. Do nada me veio a surpresa quando em meio a uma cesta sorteavam um número que estava ligado a um dos prêmios que seria oferecido... Era tão bonito, meu cartão tinha três dígitos... 276 eram os benditos.... A numeração que havia chegado até mim... Aguardava desconfiada e meio sem graça, fiquei foi afastada esperando o que seria sorteado daquela cesta pra mim... Nem me animei, esperei e esperei e quando já estava pertinho de sair... Eis que a Rute para e grita, eita, seu número foi o que chamaram.... Era a surpresa e eu sequer ouvi... Sem muita pressa fui voltando a frente do caminhão que servia de palco pros palhaços e afins... Entreguei o cartão com a dita numeração e esperei o "Benedito" conferir... Sim!!!! Eu ganhei o grande prêmio, um bicicleta de 2ª mão, amarelinha em excelente estado de conservação... Felicidade?? Sei descrever não... Era tanta emoção... Eu menina, sem entender muito ainda, não ousava olhar para os lados, olhava o tempo todo pro chão... Envergonhada e contente, deixei meu olhar descontente ser contaminado pela alegria do repente... Eu inocente... Criança diferente, com minha visinha Rute voltava pra casa numa estado reluzente... Minha Mãe, sem acreditar compartilhou comigo o mesmo olhar que transbordava em alegria e brilhava somente... A fome era naquele momento esquecida e a nossa alegria se fazia naquele momento maior que o próprio presente...